Todo profissional do Direito, quando descreve o tipo de atuação
profissional que escolheu, associa essa atividade à tarefa argumentativa. Os
exemplos de advogados, promotores e defensores bem sucedidos baseiam-se em uma
atuação ? argumentativa ? brilhante que convença o magistrado da necessidade de
conceder a tutela jurisdicional dos direitos daqueles que representam em juízo.
Inicialmente, é fundamental ressaltar a ideia de que essa atuação
profissional deve ser marcada pela eficiência técnica e persuasiva, mas nunca
pode perder de vista a ética e a moral. Lembremos que antes mesmo dos sistemas
jurídicos positivados, o homem deveria pautar sua conduta pelos valores
universais do que é certo e justo.
Diante desse cenário geral, precisamos lembrar, ainda, que o papel
principal do direito é compor conflitos e que a atividade processual é marcada
pelo contraditório e pela ampla defesa.
Em outras palavras, quando um advogado atuar no Judiciário para
defender os interesses de seu cliente, terá a certeza de que está ali para
ajudar na solução de um conflito social cuja composição não foi conseguida
pelas partes sem o auxílio de terceiros.
Cada um dos envolvidos na demanda enxerga os fatos de uma maneira,
ou seja, cada qual atribui aos fatos do caso concreto uma interpretação
distinta (a que mais lhe interessa).
A argumentação jurídica caracteriza-se,
especialmente, por servir de instrumento para expressar a interpretação sobre
uma questão do Direito, que se desenvolve em um determinado contexto espacial e
temporal. Ao operar a interpretação, impõe-se considerar esses contextos,
ater-se aos fatos, às provas e aos indícios extraídos do caso concreto e
sustentá-la nos limites impostos pelas fontes do Direito.
Parece claro que nenhum juiz pode
apreciar um pedido sem conhecer os fatos que lhe servem de fundamento. Conforme
ressalta Fetzner[1][1], a narração
ganha status de maior relevância, porque serve de requisito essencial à
produção de uma argumentação eficiente. É por essa razão que se costuma dizer
que a narração está a serviço da argumentação.
Resumidamente, um profissional do
Direito deve recorrer ao texto argumentativo para defender seu ponto de vista,
mas para o sucesso dessa tarefa, precisa ter, antes, uma boa narração, na qual
foram expostos os fatos de maior relevância sobre o conflito debatido.
Para melhor compreender as características que distinguem
narração e argumentação, observe a tabela.
[1][1] CAVALIERI FETZNER, Néli Luiza (Org. e Aut.); TAVARES, Nelson; VALVERDE,
Alda. Lições de argumentação jurídica.
Rio de Janeiro: Forense, 2009, capítulo 2.
NARRAÇÃO
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Qual o Objetivo? Expor os fatos importantes do caso concreto a ser solucionado no
Judiciário.
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Como o fato é tratado? Cada fato representa uma informação que compõe a história
da lide a ser conhecida no processo.
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Qual o tempo verbal utilizado? Pretérito ? é o mais utilizado, porque todos os fatos narrados já
ocorreram. (Ex.: o empregado sofreu um acidente);
Presente ?
fatos que se iniciaram no passado e que perduram até o momento da narração.
(Ex.: o empregado está sem capacidade laborativa);
Futuro ?
não é utilizado porque fatos futuros são incertos.
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Qual a pessoa do discurso? Utiliza-se a 3ª pessoa, por traduzir a imparcialidade
necessária à atividade jurídica.
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Como os fatos são organizados? Os fatos são dispostos em ordem cronológica, ou
seja, na mesma ordem em que aconteceram no mundo natural.
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Quais seus elementos constitutivos? Uma narrativa bem redigida deve responder, sempre que
possível, às seguintes perguntas: a) O quê? (fato gerador); b) quem?
(partes); c) onde? (local do fato); d) quando? (momento do
fato); e) como? (maneira como os fatos ocorreram); f) por quê? (motivações
da lide).
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Qual a natureza do texto? O texto narrativo tem natureza predominantemente
informativa. Sua função persuasiva está atrelada à fundamentação.
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Quanto à parcialidade: Uma narrativa pode ser simples (imparcial) ou
valorada, dependendo da peça a produzir.
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ARGUMENTAÇÃO
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Qual o Objetivo? Defender uma tese (ponto de vista) compatível com o interesse da parte que o
advogado representa.
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Como o fato é tratado? O fato (informação) narrado é aqui retomado com o status
de elemento de persuasão; é um elemento de prova com o qual
defende a tese.
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Qual o tempo verbal utilizado? Presente ? tempo verbal mais adequado para sustentar o ponto de
vista. (Ex.: o autor deve ser indenizado por seu empregador);
Pretérito ?
deve ser usado para retomar os fatos (provas / indícios) relevantes da
narração, com os quais defenderá a tese. (Ex.: o autor deve ser indenizado
por seu empregador porque sofreu um acidente no local de trabalho);
Futuro ? deve ser
usado ao desenvolver as hipóteses argumentativas. (Ex.: o trabalhador deve
receber o benefício do INSS, pois, caso contrário, não terá como se
sustentar).
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Qual a pessoa do discurso? Também se utiliza a 3ª pessoa, pela mesma razão.
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Como os fatos são organizados? Os fatos e as ideias são organizados em ordem lógica,
ou seja, da maneira mais adequada para alcançar a persuasão do auditório.
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Quais seus elementos constitutivos? Antes de redigir uma argumentação consistente, tente
refletir sobre, pelo menos, as seguintes questões: a) Qual o fato gerador
do conflito? b) qual a tese que será defendida? C) com que fatos
sustentará essa tese? d) Que tipos de argumento deverá utilizar?
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Qual a natureza do texto? O texto argumentativo tem função persuasiva por
excelência.
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Quanto à parcialidade: Não há como defender uma tese sem adotar um posicionamento.
Toda argumentação é valorada.
|
QUESTÃO
Não é
de hoje que eu defendo que o advogado e qualquer cidadão podem gravar as conversas
travadas em mesa de audiência, sem a necessidade de avisar aos presentes, entre
eles a pessoa do Magistrado que a preside.
Antigamente,
isso era impossível de ocorrer por conta do tamanho dos gravadores e da
necessidade de estarem próximos de quem falava para obtenção nítida da voz. Com
o desenvolvimento de novas tecnologias, são inúmeras as ?traquitanas? que
gravam voz a distância e com excelente resultado em termos de qualidade de
audição.
Não vejo e nem nunca vi nenhuma ilicitude nisso. As audiências
são públicas, quem as grava busca o registro de tudo para sua posterior
orientação e também, em eventuais casos, para o exercício pleno da sua defesa
(art.5, LV da CRFB). Filmar recai na mesmíssima
hipótese.
Hoje
já existe projeto em curso de implantação ? nas Varas que contam com processos
eletrônicos ? de se gravar a voz e filmar a imagem de todos, criando um melhor
registro ao processo e alcance de uma maior transparência e publicidade. O
saldo positivo de se gravar é proporcionar a todos os que participam daquele
momento de embate jurídico o respeito, a cordialidade, o tratamento polido,
evitar ironias, críticas pessoais, assédio processual/judicial, etc. Enfim, não
faz mal algum gravar tudo, pois quem não deve não teme. (...)
O autor,
de reputação ilibada, dirigiu-se à empresa-ré a fim de
adquirir automóvel novo, para comemorar o dia dos pais vindouro, com sua
esposa e filha, assinando declaração como instrumento comprobatório do termo de
responsabilidade assumido (documento nº 137/12).
Nestes
termos, as partes combinaram, de comum acordo, que o automóvel novo estaria
disponível para o autor cinco dias depois. No entanto, para absoluta surpresa
do autor, no dia combinado o automóvel sequer havia
chegado à concessionária. Ressalta-se que o autor já havia, nesta data,
entregue seu veículo à empresa-ré, encontrando-se em situação de completo
desamparo.
A esposa do autor, neste ínterim, foi acometida de mal súbito, tendo sido o
seu atendimento prejudicado devido à demora para chegar
ao hospital, já que teve de ir de táxi. A entrada na seção do
pronto-socorro do hospital foi registrada às 21 horas do dia17 de junho de
2012, conforme documento em anexo (documento nº ___) e,
até a consumação do atendimento e respectiva medicação, suportou intensas
dores, não podendo sequer se locomover sem auxílio de terceiros.
Texto
1 – Argumentativo, há opinião –
Fragmentos do texto: “Não vejo e nem nunca vi nenhuma ilicitude nisso”; “Filmar recai na
mesmíssima hipótese”, “Enfim, não faz
mal algum gravar tudo, pois quem não deve não teme”
Texto
2 Narrativa - há cronologia dos fatos no texto – Fragmentos do texto “dirigiu-se à empresa-ré a fim de adquirir automóvel novo”, “no
dia combinado o automóvel sequer havia chegado à concessionária”, “A esposa do autor, neste ínterim, foi
acometida de mal súbito”, “demora para
chegar ao hospital, já que teve de ir de táxi”
[2][2]
Disponível em:
<http://jus.com.br/revista/texto/16842/indenizacao-em-relacao-de-consumo-juizado-especial>.
Acesso em: 20 jun. 2012.
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ResponderExcluir2. Assinale a alternativa que articula de forma coerente e coesa as ideias abaixo apresentadas:
ResponderExcluir1. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus a uma mulher argentina.
2. A mulher argentina cumpriu pena por furto.
3. A mulher argentina permanece no país.
4. Um decreto do Ministério da Justiça determinou a expulsão da mulher argentina.
5. A Primeira Seção considerou mais importante a manutenção do convívio da mulher argentina com os quatro filhos brasileiros da mulher argentina, com idades entre quatro e quatorze anos.
(Pontos: 0.25)
a) a. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus a uma mulher argentina cuja a qual cumpriu pena por furto para que a mesma permaneça no país. Um decreto do Ministério da Justiça determinou a sua expulsão, mas a Primeira Seção considerou mais importante a manutenção do convívio dela com seus quatro filhos brasileiros, com idades entre quatro e quatorze anos.
b) b. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus a uma mulher argentina onde ela cumpriu pena por furto para que permaneça no país. Um decreto do Ministério da Justiça determinou sua expulsão, porque a Primeira Seção considerou mais importante a manutenção do convívio dela com seus quatro filhos brasileiros, com idades entre quatro e quatorze anos.
c) c. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus a uma mulher argentina sendo que cumpriu pena por furto para que ela permaneça no país. Um decreto do Ministério da Justiça determinou a expulsão da mesma, portanto a Primeira Seção considerou mais importante a manutenção do convívio dela com seus quatro filhos brasileiros, com idades entre quatro e quatorze anos.
d) O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus a uma mulher argentina que cumpriu pena por furto para que ela permaneça no país. Um decreto do Ministério da Justiça
Como pode observar as outras alternativas depois de Ministério da Justiça tem complemento, nessa última termina sem nexo nenhum! como poderia estar correta?
2. Assinale a alternativa que articula de forma coerente e coesa as ideias abaixo apresentadas:
ResponderExcluir1. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus a uma mulher argentina.
2. A mulher argentina cumpriu pena por furto.
3. A mulher argentina permanece no país.
4. Um decreto do Ministério da Justiça determinou a expulsão da mulher argentina.
5. A Primeira Seção considerou mais importante a manutenção do convívio da mulher argentina com os quatro filhos brasileiros da mulher argentina, com idades entre quatro e quatorze anos.
(Pontos: 0.25)
a) a. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus a uma mulher argentina cuja a qual cumpriu pena por furto para que a mesma permaneça no país. Um decreto do Ministério da Justiça determinou a sua expulsão, mas a Primeira Seção considerou mais importante a manutenção do convívio dela com seus quatro filhos brasileiros, com idades entre quatro e quatorze anos.
b) b. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus a uma mulher argentina onde ela cumpriu pena por furto para que permaneça no país. Um decreto do Ministério da Justiça determinou sua expulsão, porque a Primeira Seção considerou mais importante a manutenção do convívio dela com seus quatro filhos brasileiros, com idades entre quatro e quatorze anos.
c) c. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus a uma mulher argentina sendo que cumpriu pena por furto para que ela permaneça no país. Um decreto do Ministério da Justiça determinou a expulsão da mesma, portanto a Primeira Seção considerou mais importante a manutenção do convívio dela com seus quatro filhos brasileiros, com idades entre quatro e quatorze anos.
d) O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus a uma mulher argentina que cumpriu pena por furto para que ela permaneça no país. Um decreto do Ministério da Justiça