sexta-feira, 16 de março de 2012

Maçonaria


 
A Ordem dos Maçons Livres e Aceitos é uma sociedade  secreta, mas aberta a homens de todas as religiões – só não são aceitos ateus e mulheres. “Para fazer parte dela o indivíduo deve crer em Deus e ter uma conduta ética e honesta. Não pode contar o que ocorre nas reuniões e nem se identificar como maçom para as outras pessoas”, afirma o teólogo Inocêncio de Jesus Viegas, assessor do Grande Oriente Brasileiro, uma das maiores associações maçônicas do país. O nome vem do francês maçon, que quer dizer pedreiro. A organização surgiu na Idade Média, época de grandes construções em pedra – como castelos e catedrais –, a partir de uma espécie de embrião dos sindicatos: as chamadas corporações de ofício. Nelas se reuniam os trabalhadores medievais – como alfaiates, sapateiros e ferreiros, que guardavam suas técnicas a sete chaves. “Os pedreiros, em especial, viajavam muito a trabalho. Por isso tinham uma certa liberdade, ao contrário dos servos, que deviam satisfação ao senhor feudal caso quisessem deixar suas terras”, afirma Eduardo Basto de Albuquerque, professor de históriadas religiões da Unesp. Daí vem o nome original “maçonaria livre”, ou freemasonry em inglês. Após o final da Idade Média, a maçonaria passou a admitir outros membros, além de pedreiros. Transformou-se, assim, em uma fraternidade dedicada à liberdade de pensamento e expressão, religiosa ou política, e contra qualquer tipo de absolutismo. “Tanto que a organização teve forte influência nos bastidores da Revolução Francesa e da independência dos Estados Unidos. Aqui no Brasil  participou decisivamente da abolição da escravatura, da Independência e da proclamação daRepública”, diz Eduardo.

Régua e compasso

O símbolo da maçonaria remete aos instrumentos dos trabalhadores que, na Idade Média, dominavam as técnicas de construção em pedra
O compasso, que desenha círculos perfeitos, representa a busca da perfeição pelo homem

A letra G, no centro de tudo, vem de God, “Deus” em inglês. Para os maçons, é Ele o Grande Arquiteto do Universo

O esquadro, que forma ângulos retos, lembra que o homem deve levar uma vida igualmente reta: ética e honesta

Influência oculta

O brasão maçom no dinheiro mais poderoso do planeta
Uma variante da mesma simbologia aparece no verso da nota de 1 dólar. Nela, o esquadro e o compasso se resumem no triângulo que encabeça a pirâmide e representa a Santíssima Trindade. O olho em seu interior tem o mesmo significado da letra G: é Deus Onisciente, que tudo sabe e tudo vê. A explicação: três dos primeiros presidentes dos Estados Unidos e principais articuladores da independência do país – George Washington, Thomas Jefferson e Benjamin Franklin – eram maçons
A maçonaria, que acabaria sendo a mais forte e poderosa de todas, se desenvolveu como uma fraternidade que funciona como Estado, com hierarquias e legislação. E cada maçom tem liberdade de pensamento. No fundo, a maçonaria não é uma, são várias. E ao contrário do que muitos pensam, a ordem não formou um grupo uniforme. Cada país teve autonomia para definir seus rumos e caminhos, o que fez a ordem ter inclinações diferentes ao redor do globo: na Inglaterra e no Brasil, era ligada à aristocracia política; na França, anticlerical e pragmática; na Itália, revolucionária. 
Diferenças entre as maçonarias existem. Mas também há muita coisa em comum em especial, as regras e os rituais. Ser admitido na maçonaria, por exemplo, requer paciência em qualquer lugar do mundo. O candidato precisa ser convidado por um maçom, passar por entrevistas e ter a vida investigada por integrantes da ordem. São aceitos apenas homens que acreditam em Deus, têm pelo menos 21 anos e nenhuma deficiência física.
As sessões acontecem em templos cheios de simbologia. Entrar num templo maçônico é mergulhar num espaço codificado, diz o sociólogo José Rodorval, da Universidade Federal de Sergipe e autor de uma tese de doutorado sobre a maçonaria. O templo não tem janelas e a entrada é voltada para o ocidente, onde a pintura é mais escura. No outro extremo, o oriente é mais claro para a maçonaria, é dali que vem o conhecimento. É nessa área também que fica o altar de onde a autoridade mais alta comanda a sessão. Nas paredes, há 12 colunas, uma corda com 81 nós e outros símbolos como as pedras bruta e polida, que representam os momentos pré e pós-iniciação. 
Durante as cerimônias, os homens vestem aventais para venerar o Grande Arquiteto do Universo, como eles se referem a Deus. Mas um Deus tratado dentro dos valores de tolerância religiosa do deísmo, tradição que recusa a idéia de que uma instituição tem o poder para fazer a ligação com o divino. E por isso um maçom pode ser judeu, católico, muçulmano. Nas sessões, Deus tem um nome específico. Esse nome é um dos segredos mais bem guardados da maçonaria, diz o historiador Jasper Ridley, que escreveu The Freemasons (Os Maçons, sem tradução em português). 

Maçons ilustres

Voltaire

(1694-1778) - Filósofo francês

J. W. Goethe
(1749-1832) - Escritor alemão

Ludwig van Beethoven
(1770-1827) - Compositor alemão

Wolfgang Amadeus Mozart
(1756-1791) - Compositor austríaco. Sua ópera A Flauta Mágica é toda baseada na simbologia dos ritos maçônicos

Napoleão Bonaparte
(1769-1821) - General e imperador francês

José de San Martín
(1778-1859) - General argentino que lutou pela independência do Chile, do Peru e de seu próprio país

Simón Bolívar
(1783-1830) - General venezuelano que lutou pela independência do Peru, da Colômbia, da Bolívia, do Equador e de seu próprio país

José Bonifácio
(1778-1859) - Cientista e político brasileiro, conhecido como Patriarca da Independência

Dom Pedro I
(1798-1834) - Primeiro imperador do Brasil, decretou a independência do país

Duque de Caxias
(1803-1880) - Comandante do exército

Deodoro da Fonseca
(1827-1892) - Marechal do exército brasileiro, proclamador da república e primeiro presidente do país

Rui Barbosa
(1849-1923) - Jurista, jornalista e político brasileiro



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