sexta-feira, 30 de março de 2012

Caso Concreto 2 - Ciência Política

Caso Concreto - Semana 2
Tema: Retórica
Leia, atentamente, o trecho do verbete “Retórica” de Rafael Mario Iorio Filho, e responda: 1) O que você entendeu por retórica? 2) Qual é a importância da retórica para a política? Justifique as suas respostas.
1 – Retórica é a arte do discurso, usado de forma a levar os interlocutores a aceitaram ou acreditarem nas ideias postas no discurso do orador, que utiliza recursos, como seleção lexical e modalização na sua fala. O recurso é utilizado para convencimento na arte da argumentação, e foi utilizado amplamente quando ainda não havia a ciência jurídica, e suas técnicas estabalecidas.
2 – Através do discurso (texto, ideia,)  e da oratória (forma de falar, transmissão da mensagem) é que o orador consegue convencer seus pares a acreditarem ou acatarem suas ideias ou posicionamento de suas concepções políticas.
VERBETE: RETÓRICA(gr. retoriké: arte da oratória, de retor: orador).

1. Noção, origem judiciária e perpetuação no discurso jurídico. A retórica além de ser a arte da persuasão pelo discurso; é também a teoria e o ensinamento dos recursos verbais – da linguagem escrita ou oral – que tornam um discurso persuasivo para seu receptor. Segundo Aristóteles, a função da retórica não seria “somente persuadir, mas ver o que cada caso comporta de persuasivo” (Retórica, I,2,135 a-b). Estudos contemporâneos revelam que a origem da retórica não é literária, mas judiciária. Ela teria surgido na Magna Grécia, em particular na Sicília, após a expulsão dos tiranos, por volta de 465 a.C. Um discípulo de Empédocles de Agrigento, chamado Córax, e seu seguidor, Tísias, teriam publicado uma “arte oratória” (tekhnérhetoriké), compilando preceitos práticos a serem utilizados, numa época em que não existiam advogados, por pessoas envolvidas em conflitos judiciários. Encontra-se aí o surgimento da disposição do discurso judiciário em partes ordenadas logicamente – os lugares (topoi) que servem à argumentação, invenção retórica noticiada pelo ateniense Antifonte (480-411 a.C.). (...) 2. As matrizes gregas: a persuasão e o sistema retórico. A retórica tem como seu primeiro paradigma o pensamento dos sofistas, representados principalmente por Córax, Górgias e Protágoras. Para os sofistas a retórica não visa a argumentação com base no verdadeiro, mas no verossímil (eikos). Seu método opera a partir da existência de uma multiplicidade de opiniões, não raro conflitantes e contraditórias. A persuasão ocorreria mediante a chamada transformação retórica, resultante da habilidade dos retores em confrontar os argumentos contrários. Daí a definição de Córax, que via a retórica como “criadora de persuasão”. Ela consistiria na arte de convencer qualquer um a respeito de qualquer coisa. Surge neste ponto a interseção da retórica com a erística, fundada por Protágoras (486-410 a.C.), consistindo na arte de vencer qualquer controvérsia, independentemente de se ter razão, per fas et nefas. Esta tradição sofística é, no século XIX, retomada por Schopenhauer em seu opúsculo A arte de ter sempre razão ou dialética erística.  O relativismo pragmático de Protágoras é também marcado pelas idéias da inexistência de uma verdade em si e da afirmação que cada homem é medida de todas as coisas. Cada um teria a sua verdade e somente a retórica permitiria que alguém possa impor a sua opinião. Trata-se da onipotência da palavra, não submetida a qualquer critério externo de verdade, como Górgias expressa, com grandiloquência, no discurso Do não-ser ou da natureza. Essas ideias dos sofistas foram combatidas por Platão, que atribui valoração pejorativa à retórica. Coube, todavia, a Aristóteles sistematizar esse estudo. Para o Estagirita, a retórica não seria mera persuasão mas distinção e escolha dos meios adequados para persuadir. A retórica, tal qual a dialética, não pertenceria a um gênero definido de objetos, porém seria tão universal quanto aquela. Essa tekhnése utilizaria de três tipos de provas como meios para a persuasão: o ethos e o pathos, componentes da afetividade, além do logos, o raciocínio, consistente da prova propriamente dialética da retórica. Aristóteles separa, em sua análise do discurso, o agente, a ação e o resultado da ação, descrevendo os gêneros do discurso em: 1-Deliberativo- o orador tenta persuadir o ouvinte sobre uma coisa boa ou má para o futuro; 2- Judiciário- o orador tenta persuadir o julgador sobre uma coisa justa ou injusta do passado e; 3- Epidíctico e Vitupério- o orador tenta comover o ouvinte sobre uma coisa digna, bela ou infame sobre o presente. É de matriz aristotélica o sistema retórico que servirá como paradigma para o estudo posterior da retórica e resistirá, sem grandes mudanças, até o século XIX. A retórica é dividida em quatro fases para o seu orador, quando da composição do discurso: 1) a invenção (gr. heurésis) é a fase da concepção do discurso, na qual o inventor (orador) cataloga todos os argumentos (topoi) e meios de persuasão, de acordo com o gênero a que pertença (deliberativo, judiciário ou epidíctico). Trata-se do momento em que se opera a criação de conceitos - a heurística - que servirá à estruturação generativa do discurso; 2) a disposição (gr. táxis) seria a fase da organização do discurso, o plano-tipo, que se divide, por seu turno, em cinco partes: exórdio(gr. prooimion), narração (gr. piegésis), confirmação (gr. pistis),  digressão (gr. parekbasis) e peroração (gr. epílogos); 3)aelocução (gr. lexis) é a parte do discurso que trata do bom estilo, como a grandiloqüência de Górgias, o latinitas dos romanos, o bom vernáculo. Nesta parte é que são escolhidas as frases com as figuras: de palavras, de sentidos, de construção e de pensamento; e, por fim, 4) a ação (gr. hypocrisis)é a forma própria de atingir o público, a pronunciação do discurso. Não se entende aqui somente a dicção, trabalho da voz e da respiração, mas também as mímicas do rosto, a gestualidade do corpo, tudo se incluindo na formação do estilo retórico. Esta é a parte em que os oradores, tal como os atores, exprimem sentimentos que não necessariamente sentem, mas utilizam para persuadir seu auditório. Sua manifestação é típica da oralidade, visto que a expressão escrita, por sua própria natureza, impede o exercício deste recurso. (...)

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